A palavra medo tem o objetivo de definir algo simples: o estado de alerta natural entre nós, animais, para possíveis ameaças. Se observamos com a lente da biologia, podemos dizer que o medo foi, e ainda é, algo necessário e que nos mantêm vivos, a dado modo. Mas por que será que o medo aparece em cenários como uma simples resposta para um professor ou falar em público em uma palestra?
Podemos apontar o medo de ser rejeitado. De acordo com Alfred Adler, criador da psicologia individual, o sentimento de pertencimento gera a felicidade, ou seja, se todos se sentirem úteis e pertencentes a sociedade, a felicidade será consequência. No caso do medo de ser rejeitado, se utilizarmos essa teoria como base, falar algo “errado” pode nos afastar desse “sentimento de utilidade” e “aprovação”, fazendo com que você trave no momento de levantar a mão e dar a sua resposta.
A aprovação social vem sendo o caos da própria sociedade: ela cria a sensação de que o mundo está observando você e seus tropeços, esperando para aplaudir ou vaiar. Em entrevista ao LIV - Laboratório Inteligência de Vida, Mia Couto, escritor moçambicano que ganhou os prêmios Camões e Neustadt, conhecido como o “Nobel Americano”, disse a seguinte frase: “O medo de errar é talvez o maior dos constrangimentos que nos foram impostos”. É aí onde encontramos a resposta para o medo de responder a uma pergunta em voz alta para o professor.
Nesse cenário, o que se torna preocupante é a limitação do aluno ou indivíduo em desenvolver outros campos da criatividade. O erro leva, em muitos momentos, ao acerto desejado, porém, a imposição social de que o erro te torna inferior, menos inteligente e atrasado, cria medo dos processos de aprendizagem, que incluem mais erros do que acertos.
Imagine um adolescente que respondeu uma atividade de matemática por um caminho diferente daquilo explicado pelo professor, e acertou na resposta. Nesse caso, é importante estimular a curiosidade e ensinar sobre os riscos de buscar outros caminhos, assim ele saberá que tentar algo novo inclui acertar ou errar, e está tudo bem.
Nunca ignore o erro do adolescente ou repreenda. Falar sobre erros e a sua importância para o acerto, é essencial para o desenvolvimento. Um criança que sabe que se ela errar, ninguém irá julgar porque faz parte do processo, se torna um adulto mais seguro.
Mia Couto afirma que a criança consegue desenvolver melhor o seu senso emocional através da arte e da literatura, já que histórias infantis, contos e algumas ficções expõem a descrição de possíveis práticas do erro. As histórias presentes nos livros têm muito a ensinar, e podem mostrar para uma criança que o mocinho ou super-herói também pode errar e continuar sendo mocinho e super-herói, pois o erro não diminui quem você é.
Conversar e compartilhar opiniões e saberes é uma ótima forma de eliminar o medo de falar em público e de expor o que pensa. Isso, além de ajudar a criança ou adolescente a perder o medo do erro, estimula ele a se abrir para aprender com um colega algo que antes não sabia.
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Referência: https://www.inteligenciadevida.com.br/